Na sua escola, você tem um representante da sua classe, que fala por todos os alunos junto aos professores e à diretoria, certo? Na política, a coisa é parecida. Quando a gente vota em um político, escolhe uma pessoa para nos representar no governo e cuidar do que a gente precisa.

No Brasil, o sistema adotado para garantir que todos os brasileiros sejam bem representados por seus vereadores, deputados estaduais, deputados federais e senadores chama-se sistema proporcional. Como o presidente, os governadores e os prefeitos, que são cargos executivos, disputam apenas uma vaga, esse sistema não vale para eles.

Mas será que o sistema proporcional funciona? Esse assunto é complicadíssimo, mas aqui você vai aprender um pouquinho sobre ele.

Vamos tomar como exemplo a Câmara dos Deputados, em Brasília, a "casa" dos representantes do povo na esfera federal: os deputados federais. Cada Estado tem um "cantinho reservado" para seus deputados, a chamada bancada. O tamanho da bancada é proporcional à população do estado. Até aí, tudo certo: quanto mais gente tem um estado, mais deputados ele precisa para representar essa população, certo? Certo,nada… Como existe um número mínimo e um número máximo de deputados para cada estado, os maiores não ficam bem representados.

Exemplo "inventado": imagine que o Acre tenha que eleger no mínimo 20 deputados. São Paulo, que tem uma população 70 vezes maior (!!!), pode eleger no máximo 50 deputados… Ué, mas 50 é pouco mais do que o dobro de 20, não 70 vezes mais, certo? Assim, a população do Acre fica ultra-representada, e o povo de São Paulo fica chupando o dedo…

E os partidos, como fazem para colocar seus candidatos na Câmara? Disputam as cadeiras à tapa? ;-) Quase!

No sistema proporcional, o partido que ganhar o maior número de votos ganha direito a mais "vagas reservadas" na bancada do seu estado.

Imagine que o partido A tem 5 cadeiras, e o partido B tem apenas 1 cadeira. Com apenas 300 mil votos, um candidato do partido A pode ganhar uma cadeira, pois é o mais votado dentro do seu partido.

Já o partido B tem um candidato com 1 milhão de votos, que perde a vaga para outro candidato com 2 milhões de votos, porque só há uma cadeira. Não é estranho que o candidato do partido A, com apenas 300 mil votos, "valha mais" que um candidato com 1 milhão de votos? E as milhares de pessoas que votaram nesse candidato, ficam a ver navios?

Isso realmente aconteceu em 2002: Enéas Carneiro, do PRONA, foi o deputado federal mais votado da história do Brasil, com 1,6 milhão de votos. Com isso, seu partido ganhou mais cadeiras na Câmara. E o que aconteceu? Candidados a deputado federal pelo PRONA, com uma votação ridícula (um deles, Vanderlei Assis, com apenas 275 votos!), foram eleitos também... e vários deputados de outros partidos, com muitos milhares de votos, ficaram de fora do Congresso Nacional. Não é um absurdo?

É por isso que o sistema proporcional não garante uma bela representatividade, ainda mais num país enorme como o Brasil…

Peraí, mas o que o tamanho do Brasil tem a ver com isso? Tudo! Você já apertou a mão e conversou pra valer com quantos políticos? É aí que mora o problema. O candidato faz campanha em todo o estado, e é quase impossível que milhares ou milhões de eleitores saibam quem ele é de verdade, e o que pretende. As pessoas acabam votando em alguém por causa da campanha eleitoral, ou pelo que vêem nas revistas, jornais, TV…

Assim, fica muito difícil dizer que um político eleito realmente pode agir em nome da vontade de seus eleitores…

E por falar em votar, não vote de jeito nenhum em político porcalhão!



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